domingo, 31 de março de 2013



VIDA
Uma vida foi salva
Sete dias durou a sua glória
Exatos sete dias 
Como quem reza uma missa
No seu caso pela vida
Não esperava absolvição 
Fez apenas o seu trabalho
Lembrou-se do seu juramento
Do hino tantas vezes cantado
“Teu heroísmo cantaram os pampas
Teu denodo proclama os sertões”
E o que faremos sem nossos heróis?
Ceifados de forma tão cruel
Por dedicarem seu tempo 
Para proteger quem precisa de proteção
Para nos dar um pouco de paz
Arriscam suas vidas
Em muitos casos sem recompensa
Nem ao menos um obrigado
Julgados pelo tribunal 
De uma sociedade hipócrita
Que busca erros com telescópios 
E finge não ver os acertos
Porque é mais fácil julgar e condenar.
Guerreiros que são
Nunca fugiram à luta
Mesmo tento tanto a perder
Eles sempre lutaram por mim
E por você.


Malu Aguiar!

sábado, 16 de março de 2013

ALIENAÇÃO PARENTAL: SUA ABORDAGEM NA MÍDIA


Há alguns meses venho colaborando através das redes sociais, principalmente na página da ONG Pais por Justiça, e Síndrome da Alienação Parental coletando materiais que possam contribuir com o fim dessa prática. Fiquei feliz ao saber que a novela atual que aparece no horário nobre da emissora mais popular do Brasil estaria debatendo o assunto e fiquei ansioso pra saber como o tema estava sendo abordado e procurando vídeos no youtube, mais uma vez me decepcionei com a emissora, primeiro porque ela coloca o alienador um homem, sendo que a grande maioria da alienação é feita por mulheres. 
Mas primeiro vou tentar explicar do que se trata a síndrome da alienação parental, fatores históricos e sociais que possam ter contribuído para o aumento dessa prática desumana e covarde.
A síndrome da alienação parental é a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem tenha a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou cause prejuízo ao estabelecimento ou a manutenção do vínculo com estes. (Art. 2◦, lei 12.318 de 26 de agosto de 2010).
A síndrome foi detectada pelo psicólogo Richard Gardner, no início de 1980. A síndrome geralmente ocorre ao fim de um relacionamento onde há um dos genitores não aceitando esse fim, resolve promover ações difamatórias que vai desde acusações mais simples até outras um tanto quanto graves, como falsa acusações de violência doméstica e falsa acusação de estupro. A alienação pode começar dentro do casamento motivado por um sentimento de posse que se tem da parte do genitor à criança.
Agora antes de retomar o tema da mídia, gostaria de analisar que questões sociais e/ou sociológicas podem ter afetado o aumento dessa prática. Por volta dos anos de 70, os movimentos feministas conseguiram uma conquista muito grande que foi o direito ao divórcio, podendo assim ter voz ativa, tendo assim maior liberdade e dando um passo enorme para maiores conquistas, como anos depois a lei Maria da Penha. Porém, essas conquistas acabaram criando uma nova formação de família, as famílias monoparentais e é aí que se gera uma crise e novos conflitos. De um lado uma sociedade ainda machista e patriarcal, de outro a falta de esclarecimento sobre os movimentos feministas e suas causas, de outro que para mim o mais grave; um poder judiciário preconceituoso e assim como toda a sociedade incapaz de perceber a gravidade que causa a alienação parental, que tem o homem como incapaz de sustentar, criar, educar seus filhos simplesmente por serem homens. Via de regra as guardas vão automaticamente para as mulheres, simplesmente por serem mulheres, cabendo ao homem ter que provar a incapacidade destas de proporcionar uma formação social e pessoal satisfatória a criança.
Deve se esclarecer que o movimento feminista acima citado não é o causador do conflito, mas sim agente transformador da sociedade e o grande gerador desse conflito é essa própria transformação da sociedade que ocorreu por diversos motivos: movimentos em defesas a minorias, mudanças no quadro político, maior participação popular no governo, são exemplos que transformam uma sociedade. E as últimas transformações na sociedade foram radicais, e por vezes parece que não estamos preparados para novas situações. O que vem a ser conceito de família no mundo moderno em que vivemos (ou pós-moderno como classificaria Zigman Baumann)? O que vem a ser um pai, o que vem a ser uma mãe, qual o papel do homem e da mulher na sociedade e na família? Qual o papel do Estado, qual o papel da educação formal? São perguntas que não apresentam respostas concretas e essa falta de definição são grandes geradores de conflitos quanto a estrutura familiar.
Voltando a questão da mídia, vamos analisar como ela coloca o caso nos veículos de comunicação. Em 1993, o filme Mrs. Doubtfire, que em sua versão em português veio com o título “Uma babá quase perfeita”, fala de um pai que tem seu acesso a seus filhos prejudicados por sua ex-esposa e resolve se fantasiar de mulher e se passa por uma babá, tendo assim o convívio com seus filhos restabelecidos. O filme é uma comédia, porém, o assunto é um drama (ou pelo menos deveria ser visto como) e não tem graça nenhuma. Vejo uma forma de suavizar e até ridicularizar a questão da alienação parental. Atualmente a novela Salve Jorge, traz um personagem alienador que constantemente faz uma campanha difamatória contra a mãe da criança. O que pode se observar nesse fato, os alienadores podem ser homens? Sim. Assim como pode ser avós, padrastos e madrastas e até babás. Mas porque não colocar a situação mais próxima do real, ou seja, a mulher como alienadora. Diante de uma justiça que já tem o homem como incapaz de cuidar de seus filhos, a forma que está sendo tratada a novela pode reforçar essa ideia e ainda mais dificultar o acesso aos pais. Seria como uma novela abordar a questão da violência doméstica colocando um personagem homem apanhando de sua mulher. Em minha opinião há esse grande equívoco.
Pra finalizar, como combater essa prática?
Pra mim através da conscientização do que se trata o assunto e segundo de leis tão eficazes como a lei Maria da Penha, que tirem imediatamente a criança ou adolescente da guarda do alienador, além de tratamento psicológico para as crianças e para o alienador, já que geralmente o alienador não consegue nem perceber sua atitude, ele é incapaz de perceber sua condição de alienador. Talvez estes seriam os caminhos que proporcionariam um avanço para o fim dessa prática.

Gleilson Santos Mendes – Acadêmico da UFGD

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