Há alguns meses venho colaborando através das redes sociais,
principalmente na página da ONG Pais por Justiça, e Síndrome da Alienação
Parental coletando materiais que possam contribuir com o fim dessa prática.
Fiquei feliz ao saber que a novela atual que aparece no horário nobre da
emissora mais popular do Brasil estaria debatendo o assunto e fiquei ansioso pra saber como o tema
estava sendo abordado e procurando vídeos no youtube, mais uma vez me
decepcionei com a emissora, primeiro porque ela coloca o alienador um homem,
sendo que a grande maioria da alienação é feita por mulheres.
Mas primeiro vou
tentar explicar do que se trata a síndrome da alienação parental, fatores
históricos e sociais que possam ter contribuído para o aumento dessa prática
desumana e covarde.
A síndrome da alienação parental é a
interferência na formação psicológica da criança ou adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem tenha a criança ou
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor
ou cause prejuízo ao estabelecimento ou a manutenção do vínculo com estes.
(Art. 2◦, lei 12.318 de 26 de agosto de 2010).
A síndrome foi detectada pelo psicólogo Richard
Gardner, no início de 1980. A síndrome geralmente ocorre ao fim de um
relacionamento onde há um dos genitores não aceitando esse fim, resolve
promover ações difamatórias que vai desde acusações mais simples até outras um
tanto quanto graves, como falsa acusações de violência doméstica e falsa
acusação de estupro. A alienação pode começar dentro do casamento motivado por
um sentimento de posse que se tem da parte do genitor à criança.
Agora antes de retomar o tema da mídia,
gostaria de analisar que questões sociais e/ou sociológicas podem ter afetado o
aumento dessa prática. Por volta dos anos de 70, os movimentos feministas
conseguiram uma conquista muito grande que foi o direito ao divórcio, podendo
assim ter voz ativa, tendo assim maior liberdade e dando um passo enorme para
maiores conquistas, como anos depois a lei Maria da Penha. Porém, essas
conquistas acabaram criando uma nova formação de família, as famílias
monoparentais e é aí que se gera uma crise e novos conflitos. De um lado uma
sociedade ainda machista e patriarcal, de outro a falta de esclarecimento sobre
os movimentos feministas e suas causas, de outro que para mim o mais grave; um
poder judiciário preconceituoso e assim como toda a sociedade incapaz de
perceber a gravidade que causa a alienação parental, que tem o homem como
incapaz de sustentar, criar, educar seus filhos simplesmente por serem homens.
Via de regra as guardas vão automaticamente para as mulheres, simplesmente por
serem mulheres, cabendo ao homem ter que provar a incapacidade destas de
proporcionar uma formação social e pessoal satisfatória a criança.
Deve se esclarecer que o movimento feminista
acima citado não é o causador do conflito, mas sim agente transformador da
sociedade e o grande gerador desse conflito é essa própria transformação da
sociedade que ocorreu por diversos motivos: movimentos em defesas a minorias,
mudanças no quadro político, maior participação popular no governo, são
exemplos que transformam uma sociedade. E as últimas transformações na
sociedade foram radicais, e por vezes parece que não estamos preparados para
novas situações. O que vem a ser conceito de família no mundo moderno em que
vivemos (ou pós-moderno como classificaria Zigman Baumann)? O que vem a ser um
pai, o que vem a ser uma mãe, qual o papel do homem e da mulher na sociedade e
na família? Qual o papel do Estado, qual o papel da educação formal? São
perguntas que não apresentam respostas concretas e essa falta de definição são
grandes geradores de conflitos quanto a estrutura familiar.
Voltando a questão da mídia, vamos analisar
como ela coloca o caso nos veículos de comunicação. Em 1993, o filme Mrs.
Doubtfire, que em sua versão em português veio com o título “Uma babá quase
perfeita”, fala de um pai que tem seu acesso a seus filhos prejudicados por sua
ex-esposa e resolve se fantasiar de mulher e se passa por uma babá, tendo assim
o convívio com seus filhos restabelecidos. O filme é uma comédia, porém, o
assunto é um drama (ou pelo menos deveria ser visto como) e não tem graça
nenhuma. Vejo uma forma de suavizar e até ridicularizar a questão da alienação
parental. Atualmente a novela Salve Jorge, traz um personagem alienador que
constantemente faz uma campanha difamatória contra a mãe da criança. O que pode
se observar nesse fato, os alienadores podem ser homens? Sim. Assim como pode
ser avós, padrastos e madrastas e até babás. Mas porque não colocar a situação
mais próxima do real, ou seja, a mulher como alienadora. Diante de uma justiça
que já tem o homem como incapaz de cuidar de seus filhos, a forma que está
sendo tratada a novela pode reforçar essa ideia e ainda mais dificultar o
acesso aos pais. Seria como uma novela abordar a questão da violência doméstica
colocando um personagem homem apanhando de sua mulher. Em minha opinião há esse
grande equívoco.
Pra finalizar, como combater essa prática?
Pra
mim através da conscientização do que se trata o assunto e segundo de leis tão
eficazes como a lei Maria da Penha, que tirem imediatamente a criança ou
adolescente da guarda do alienador, além de tratamento psicológico para as
crianças e para o alienador, já que geralmente o alienador não consegue nem
perceber sua atitude, ele é incapaz de perceber sua condição de alienador.
Talvez estes seriam os caminhos que proporcionariam um avanço para o fim dessa
prática.
Gleilson Santos Mendes – Acadêmico da UFGD
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